Durante a corrida os músculos, tendões e ligamentos de nossas pernas funcionam como uma mola: quando nosso pé entra em contato com o solo acumulamos energia (como se a mola estivesse prensada) e para a propulsão do movimento reutilizamos essa energia juntamente à contração muscular, dessa forma nós economizamos energia metabólica (Alexander, 1991).
Em teoria, a vantagem biomecânica de aterrissar com o médio pé ao invés do calcanhar é que isso possibilita um estoque maior de energia elástica em nosso tendão de aquiles, que por sua vez tem capacidade de recuperar aproximadamente 35% da energia mecânica que o corpo gera a cada passo (Alexander, 1991), além de que, essa estratégia de aterrissagem reduz o primeiro pico de força de reação ao solo (FRS) (Lieberman, 2010). Essa informação leva diversos corredores amadores que buscam melhorar a sua performance e diminuir a incidência de lesões a mudar a estratégia de aterrissagem. Mas será que essa medida é efetiva?
Em relação a economia de movimento, os estudos não apontam resultados conclusivos de que a aterrissagem com o médio pé seja de fato mais econômica quando comparado com a aterrissagem com o calcanhar. Quando pessoas que habitualmente aterrissam com o calcanhar mudam a estratégia de aterrissagem para médio pé apresentam resultados até mesmo negativos para a economia de movimento em velocidades baixas (Anderson et al., 2019).
Geralmente, à medida que a velocidade aumenta, a tendência é aterrissarmos com o médio pé naturalmente (Novacheck, 1998). Dessa forma Miller e colaboradores sugerem que a escolha pela estratégia de aterrissagem é específica para cada tarefa, e que cada corredor escolhe automaticamente qual estratégia é mais apropriada para determinada tarefa (Miller et al., 2009).
Em relação à lesões, também não há evidências científicas de que uma estratégia esteja menos relacionada a lesões do que outra (Anderson et al., 2019), cada estratégia de aterrissagem apresenta suas particularidades de sobrecarga biomecânica e envolvem estruturas e tecidos específicos durante a corrida: Aterrissar com o calcanhar impõe maiores valores de FRS e maior sobrecarga na articulação do joelho, por outro lado a aterrissagem com o médio pé, impõe maior sobrecarga biomecânica na articulação do tornozelo e tendão de aquiles (Xu et al., 2021).
Sendo assim, devido a particularidade de cada estratégia de aterrissagem, quando necessário um ajuste pode ser feito, como por exemplo corredores que apresentam dor patelofemoral podem se beneficiar com a aterrissagem com médio pé como apontam alguns estudos (Anderson et al. 2019).
O ponto central é, se você está começando a correr e quer melhorar a sua performance e minimizar o risco de lesões, além de buscar padrões biomecânicos você deve fazer trabalho de fortalecimento muscular, isso melhorará sua economia de movimento e também diminuirá o risco de lesões, além de preparar o seu aparelho locomotor para qualquer tipo de aterrissagem.
Referências:
ANDERSON, Laura M. et al. What are the benefits and risks associated with changing foot strike pattern during running? A systematic review and meta-analysis of injury, running economy, and biomechanics. Sports Medicine, v. 50, n. 5, p. 885-917, 2020.
Miller, R. H., Russell, E. M., Gruber, A. H., & Hamill, J. (2009, August). Foot-strike pattern selection to minimize muscle energy expenditure during running: A computer simulation study. Electronic proceedings of the 33rd Annual Meeting of the American Society of Biomechanics.
NOVACHECK, Tom F. The biomechanics of running. Gait & posture, v. 7, n. 1, p. 77-95, 1998.
Alexander RM. Energy-saving mechanisms in walking and running. J Exp Biol1991; 160:55–69.
LIEBERMAN, Daniel E. et al. Foot strike patterns and collision forces in habitually barefoot versus shod runners. Nature, v. 463, n. 7280, p. 531-535, 2010.
XU, Yilin et al. Effects of foot strike techniques on running biomechanics: a systematic review and meta-analysis. Sports Health, v. 13, n. 1, p. 71-77, 2021.
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