Recentemente, com os novos fones de ouvido bluetooth minimalistas, o número de corredores que correm escutando música aumentou expressivamente.
A música de fato pode ser uma forte aliada aos treinos, com ela sentimos uma menor percepção de esforço e sensação de fadiga, aumentando a sensação de prazer durante a atividade. Com isso somos capazes de correr por mais tempo ou até mesmo mais rápido (Terry et al., 2020). A música tem esse “poder” de distração que pode ser muito positiva para nós, corredores. Mas será que ter menos controle das sensações do nosso corpo durante a corrida é algo apenas positivo?
Um estudo recente realizado na Universidade de Sassari (Itália) (Manca et al., 2020) avaliou se a música pode influenciar a força de reação ao solo (FRS) durante a corrida. A grosso modo, a FRS é a força que o pé entra em contato com o solo durante a corrida, e essa força é um dos fatores que podem estar relacionados com lesões nas extremidades inferiores (Shih et al. 2013).
Para investigar essa questão, 50 voluntários participaram da pesquisa. Todos eles correram em 3 velocidades diferentes (8km/h, 10km/h e 12km/h) e em 3 condições diferentes (sem música, com música com volume a 80-dB e com música com volume a 85-dB). A FRS foi registrada durante todas as velocidades e condições.
Os resultados mostraram que, quanto mais alto a música maior é a FRS para nas velocidades 8 km/h e 10 km/h, entretanto não houve diferença para a velocidade de 12 km/h.
A hipótese do estudo para esse resultado foi a seguinte: A música a 80-dB não é alta o suficiente para encobrir ou exceder o som gerado pela sola do pé ao colidir com a esteira. Em contraste, um volume de música de 85-dB pode muito bem superar o ruído da colisão do pé, possivelmente impedindo um feedback auditivo adequado do pé entrando em contato com o solo.
Sob esta luz, ouvir música em alto volume pode induzir uma redução da entrada sensorial, possivelmente mascarando os feedbacks aferentes para o sistema nervoso central durante o exercício, com uma diminuição potencial na percepção do impacto com solo (Boutcher e Trenske 1990).
Quanto a velocidade de 12 km/h não apresentar diferentes valores de FRS com música, a hipótese foi a seguinte: ao contrário das velocidades mais lentas, correr em velocidades relativamente mais altas pode não apenas aumentar o envolvimento biomecânico, mas também as demandas de atenção necessárias para correr com segurança na esteira relativamente estreita.
Dentro dessa estrutura de atenção, os participantes estavam possivelmente mais focados em atribuições induzidas pela carga de trabalho, como aumento do ritmo, posicionamento para a esquerda / direita e para frente / para trás na esteira, desviando assim a atenção da música em favor de informações conduzidas internamente.
Fiquem atentos! Não corram escutando músicas altas e prestem atenção no movimento!
Terry, P. C., Karageorghis, C. I., Curran, M. L., Martin, O. V., & Parsons-Smith, R. L. (2020). Effects of music in exercise and sport: A meta-analytic review. Psychological Bulletin, 146(2), 91.
Manca, A., Cugusi, L., Pomidori, L., Felisatti, M., Altavilla, G., Zocca, E., … & Deriu, F. (2020). Listening to music while running alters ground reaction forces: a study of acute exposure to varying speed and loudness levels in young women and men. European journal of applied physiology, 120(6), 1391-1401.
Shih, Y., Lin, K. L., & Shiang, T. Y. (2013). Is the foot striking pattern more important than barefoot or shod conditions in running?. Gait & posture, 38(3), 490-494.
Boutcher, S. H., & Trenske, M. (1990). The effects of sensory deprivation and music on perceived exertion and affect during exercise. Journal of sport and exercise psychology, 12(2), 167-176.
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